Autoestima se constrói também no cuidado com o corpo

Imagem de uma mulher sentada em uma cadeira posando relaxada e parecendo estar com a autoestima em alta
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Por Redação Foz

Nem sempre quem sofre com a própria aparência tem um problema visível. E nem sempre quem aparenta segurança sente de fato autoconfiança. O corpo pode estar saudável, funcional e dentro do que se considera comum — e, ainda assim, gerar desconforto, vergonha ou insatisfação. O descompasso ocorre porque a autoestima está mais ligada à forma como se percebe o próprio corpo do que ao corpo em si.

“A forma como nos vemos fisicamente, e o modo como falamos conosco com base nesse reflexo, tem peso direto sobre a autoestima”, explica Jessica Cortez, nutricionista especializada em imagem corporal, em entrevista ao Everyday Health. Segundo ela, o tom das avaliações que se faz do próprio corpo — se neutro, gentil ou severo — tem influência em como a pessoa se enxerga.

Quando a autoestima começa a ser moldada

A imagem corporal é construída cedo. Influências da infância, comentários de familiares, referências culturais, redes sociais — tudo forma o pano de fundo sobre o qual se projeta a percepção do corpo. “Crianças e adolescentes em particular são mais vulneráveis ao que consomem na mídia e aos discursos que recebem sobre aparência”, diz Paakhi Srivastava, pesquisadora da Drexel University.

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E o repertório de influências — positivo ou negativo — segue ativo ao longo da vida, com a repetição de comparações e cobranças exercendo impacto concreto sobre a autoestima. Quanto mais o corpo real parece distante do ideal — muitas vezes irreal —, maior o risco de insatisfação e distorção da autoimagem. O resultado costuma ser um ciclo de desvalorização e frustração constante.

“Ninguém vive à altura do padrão que se vê nas redes sociais, mesmo assim nos julgamos como se fosse possível alcançá-lo”, afirma a terapeuta e especialista em imagem corporal Jennifer Kelman, na Everyday Health. A exposição constante a modelos irreais alimenta comparações distorcidas, prejudica a autoimagem e mina a autoestima, mesmo quando se sabe que tais referências não refletem a vida real.

Fotos Freepink
Duas imagens de mulheres, a primeira, branca, sentada na cama comendo coisas saudáveis depois de lavar o cabelo; e a segunda, negra, se exercitando correndo na pista de um parque
Autoestima é prática, não perfeição

Autoestima baixa e suas consequências

A autocrítica, assim, se disfarça de preocupação com saúde, peso ou disciplina. Mas por trás da busca por controle está, com frequência, a tentativa de compensar uma autoestima baixa. “A relação com o corpo deixa de ser funcional e passa a ser punitiva”, observa Cortez. O que compromete não apenas o bem-estar emocional, mas também a relação com a comida, o movimento e o autocuidado.

As consequências não são pequenas. Segundo estudo publicado no National Library of Medicine, uma autoimagem negativa aumenta o risco de desenvolvimento de distúrbios alimentares, depressão, ansiedade e isolamento social. Embora o discurso social trate a insatisfação com o corpo muito mais como um problema juvenil ou fútil, ela também afeta os adultos.

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Como fortalecer a autoestima com gestos simples

Por outro lado, a autoestima pode ser fortalecida quando o cuidado com o corpo deixa de ser orientado pela aparência e passa a priorizar bem-estar, conforto e funcionalidade. Na prática, inclui comer de forma regular e nutritiva, manter o corpo ativo, descansar, evitar restrições rígidas e reduzir gatilhos de comparação. “Corpos mudam, e tudo bem. O foco deve ser sentir-se bem, não caber em um padrão”, reforça Cortez.

Cuidar do corpo não significa moldá-lo. Significa respeitá-lo. E o respeito, aos poucos, transforma também a forma como se olha no espelho. A autoestima elevada começa muitas vezes por gestos simples: comer quando há fome, mover-se quando há energia, descansar sem culpa e vestir algo confortável. O corpo deixa de ser campo de batalha e passa a ser aliado — no dia a dia real.

Menos ideal e mais cuidado real

Mesmo com uma cultura opressiva em torno da imagem, é possível reconstruir a própria autoestima. O esforço não exige aceitação irrestrita, tampouco otimismo forçado. Exige consciência do que sustenta o julgamento — e escolhas pequenas, consistentes, que deslocam o foco do ideal inatingível para o corpo real, presente, possível, com tudo o que ele carrega e oferece.

A autoestima não se sustenta em elogios genéricos ou frases motivacionais. Ela se fortalece quando se para de punir o corpo por não corresponder a um padrão. É no gesto de cuidado diário — alimentar-se bem, manter-se em movimento, preservar limites — que começa a autoconfiança. “São práticas repetidas, e não pensamentos positivos soltos, que sustentam uma autoestima real e duradoura”, afirma Cortez.

Do julgamento ao cuidado, um passo de cada vez

Nem sempre é fácil. Há dias difíceis, espelhos ingratos, comparações inevitáveis. Mas também há possibilidade de mudança. E a mudança começa menos pelo que se pensa sobre o corpo e mais por aquilo que se faz com ele — no cuidado diário, nas escolhas conscientes, na disposição para tratá-lo como parte e não como inimigo, mesmo quando a crítica interna insiste em prevalecer. É prática, não perfeição.

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