Comida de verdade começa com o básico bem feito

Imagem de uma composição de vegetais com berinjela, pimentões, tomate, brócolis, cebola cogumelos, simbolizando comida de verdade
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Por Redação Foz

Comida de verdade não é novidade. Também não é uma dieta, um programa de reeducação alimentar nem uma lista de ingredientes. É, antes de tudo, aquilo que se prepara com o que se tem, na rotina de quem cozinha com alguma frequência — mesmo que só o básico. Pode ser arroz com ovo, feijão com abóbora, um legume refogado ou uma sopa feita no improviso. Não exige ritual, mas criatividade.

Como o termo comida de verdade surgiu

A expressão se popularizou no Brasil nos últimos anos, mas ganhou destaque institucional com a campanha do Ministério da Saúde. “É o nome que as pessoas passaram a dar para a alimentação adequada e saudável”, afirma a nutricionista Elisabetta Recine, professora e coordenadora do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da Universidade de Brasília (UnB).

A definição mais direta está no glossário do Ministério da Saúde: comida de verdade é aquela feita a partir de alimentos reconhecíveis, comprados in natura ou pouco processados, preparados com sal, gordura, ervas, fogo, panela. Arroz, feijão, milho, mandioca, batata, verduras, ovos. Não requer técnica refinada nem ingredientes sofisticados. Demanda apenas disposição para cozinhar — e alguma prática.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O que defende quem promove a comida de verdade

A cozinheira Rita Lobo defende a simplicidade desde os primeiros livros. “Cozinhar é habilidade, não dom”, afirma a criadora do Panelinha, voltado à promoção da comida de verdade no cotidiano. Ela propõe que as pessoas deixem de lado o medo do fogão e resgatem a autonomia alimentar a partir do que sabem preparar. Sua crítica envolve os alimentos ultraprocessados e a linguagem de parte do discurso nutricional.

Há quem pergunte se comida de verdade emagrece. A resposta não está no prato. Nenhum alimento, isoladamente, emagrece ou engorda. O que muda, no caso, é a forma de comer, o ritmo da rotina, a ausência de fórmulas prontas. Comida de verdade, assim, pode levar a uma alimentação mais estável, mais barata e menos compulsiva — mas não se traduz em promessa de perda de peso.

Foto Freepik
Close-up de mãos cortando um vegetal em rodelas sobre a bancada da cozinha, com outros vegetais ao redor/
Comida de verdade é a que nutre

O simples como caminho possível

A mesma lógica vale para quem busca por dietas ou listas de comida de verdade. Listar alimentos pode ajudar quem está começando, mas o conceito é outro. Não se trata de cortar pão, nem de abolir o açúcar, mas de aprender a cozinhar o básico e confiar no próprio preparo. O fundamental é reduzir o consumo de industrializados e montar refeições com o que estiver disponível.

O problema é que cozinhar virou exceção. A urbanização, o avanço dos produtos prontos e o tempo cada vez mais escasso mudaram o hábito doméstico. Mesmo assim, há sinais de retorno: feiras livres, hortas e marmitas caseiras, vídeos de preparo básico que acumulam milhões de visualizações. Não é nostalgia, é adaptação — e também uma forma concreta de retomar o controle do que se come todos os dias.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Prática, não performance

A cozinheira e colunista Juliana Nardelli resume: “Comida de verdade é aquela fornecida pela natureza e quase nada processada. Não é a que está na moda nem a que aparece no feed, mas a que nutre de verdade, com ingredientes reais e preparo possível”. De acordo com ela, é também aquela que cabe no tempo disponível, respeita o orçamento e pode ser feita em qualquer cozinha, sem idealizações.

Daí porque o básico importa. Um arroz bem feito, um feijão saboroso, um legume refogado com atenção. Não se trata de reinventar a roda, mas de dominá-la. Cozinhar o simples com consistência pode ser mais eficiente — e mais libertador — do que seguir receitas difíceis ou tendências importadas. É no repetido que se aprende, no acessível que se sustenta, e no hábito que a comida de verdade ganha espaço.

Cozinhar bem o básico é suficiente

Comida de verdade também é rotina. E rotina não significa repetição sem sentido. Significa ajustar, testar, melhorar. Quem aprende a fazer o próprio arroz, com água no ponto certo e sal na medida, já percorreu metade do caminho. O mesmo vale para legumes cozidos com textura, ovos mexidos sem pressa, caldos e sopas sem aditivos. A intimidade com o preparo reduz o erro, economiza tempo e transforma o improviso em repertório.

Aos poucos, o repertório vira prática. E a prática vira padrão. É assim que muita gente redescobre o gosto pela cozinha — sem depender de apps, delivery ou embalagens que prometem saúde em três minutos. O retorno ao básico não é um retrocesso. É um modo de avançar com mais clareza sobre o que se come, com mais autonomia, menos ilusão sobre soluções prontas, e mais personalidade.

Comida de verdade se constrói no dia a dia

Comida de verdade, no fim, não é um conceito a ser decorado. É uma relação a ser construída. Começa com escolhas pequenas, feitas em casa, com o que se tem à mão. E segue adiante cada vez que alguém prepara o próprio prato com atenção, constância e simplicidade. É aí que está o essencial — não no rótulo, mas no gesto cotidiano, que transforma o ato de comer em algo mais consciente, saudável e sustentável.

PUBLICIDADE


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Ir para o topo
error: Conteúdo protegido.
Política de Privacidade

Este site usa cookies para que possamos fornecer a você a melhor experiência possível. As informações dos cookies são armazenadas no seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site, além de ajudar nossa equipe a entender quais seções você achou mais interessantes e úteis.