Por Redação Foz
Saber se expressar de maneira firme, clara e respeitosa é uma habilidade valorizada em qualquer contexto, pessoal ou profissional. Mas, apesar da frequência com que o termo “comunicação assertiva” é usado, muita gente ainda associa assertividade a ser direto demais, incisivo ou até grosseiro. Não é o caso. Assertividade não é sinônimo de dureza, mas uma forma de se comunicar com clareza, sem submissão nem agressividade.
A American Psychological Association (APA) define assertividade como um estilo de comunicação em que os indivíduos expressam seus sentimentos e necessidades diretamente, mantendo o respeito pelos outros, sem ultrapassar os limites. “Comunicação assertiva envolve respeito mútuo”, escreve Elizabeth Scott, PhD, especialista em estresse e saúde emocional, em artigo publicado na Verywell Mind.
Confundir firmeza com agressividade é erro comum
A confusão entre assertividade e outros estilos de comunicação é comum. A comunicação passiva tende a evitar conflito a todo custo, muitas vezes em prejuízo próprio. Já a agressiva atropela limites e desconsidera o outro. A assertiva se posiciona entre as duas: “é a capacidade de se expressar com honestidade, sem hostilidade”, resume Scott. Para a MindTools, é uma habilidade essencial para manter relações equilibradas e saudáveis.
No ambiente de trabalho, a comunicação assertiva evita ruídos e reduz desgastes desnecessários. “Ser assertivo não é ser impositivo”, afirma Andy Molinsky, professor de comportamento organizacional, em artigo publicado na Harvard Business Review, no qual argumenta que o profissional assertivo consegue colocar seus pontos com clareza e, ao mesmo tempo, manter a disposição para ouvir.
Comunicação assertiva é também escuta ativa
O podcast “Para conseguir o que deseja, seja assertivo e afetuoso”, da própria HBR, reforça a ideia: assertividade e cordialidade não são excludentes. A recomendação é combinar uma fala direta com escuta ativa e postura empática. A comunicação assertiva não é sobre vencer disputas — é, antes de tudo, manter conversas produtivas, mesmo em temas difíceis. O que é de extrema importância em ambientes de equipe.
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Ser assertivo é ser firme, mas flexível
Como soa a assertividade em situações cotidianas
Exemplos práticos ajudam a perceber a diferença. Imagine um profissional que é cobrado para entregar um trabalho em um prazo irrealista. Em vez de apenas aceitar ou rebater com irritação, ele responde: “Com esse prazo, a qualidade do trabalho pode ser comprometida. Posso entregar até quarta-feira sem prejuízo”. A resposta é clara, respeitosa e estabelece um limite. E demonstra equilíbrio, firmeza e respeito mútuo.
Num contexto pessoal, pense em um amigo que costuma desmarcar compromissos em cima da hora. Em vez de guardar ressentimento ou romper a amizade, a comunicação assertiva pode soar assim: “Fico frustrado quando você desmarca no mesmo dia. Eu organizo minha agenda para te ver. Podemos combinar melhor da próxima vez?” O foco não é atacar, mas comunicar como certos comportamentos afetam a relação.
Forma, e não apenas conteúdo, define a comunicação
Os dois exemplos mostram que a comunicação assertiva depende menos do conteúdo e mais da forma. “Tão importante quanto o que se diz é como se diz”, escreve Elizabeth Scott. Ela destaca o uso de mensagens na primeira pessoa (“eu sinto”, “eu preciso”) como uma maneira eficaz de expressar necessidades sem culpar. O objetivo é ser direto sem ser rude, firme sem ser inflexível.
Entre os componentes da habilidade estão o tom de voz estável, o contato visual apropriado, a linguagem corporal coerente e a escolha cuidadosa de palavras. Conforme a MindTools, expressões como “eu entendo seu ponto, mas vejo diferente” ajudam a preservar o diálogo mesmo em situações de desacordo. Outro recurso é a pausa consciente antes de responder, o que permite regular a emoção e escolher a melhor forma de falar.
Comunicação assertiva pode ser desenvolvida
A comunicação assertiva pode ser treinada. O verbete treinamento de assertividade, também da American Psychological Association, reforça que o desenvolvimento da habilidade parte de práticas simples, como ensaiar conversas difíceis, buscar feedback e observar padrões de interação. Não se trata de seguir um roteiro, mas de aprender a agir com clareza mesmo sob pressão.
No dia a dia, comunicar-se de forma assertiva reduz mal-entendidos, aumenta a confiança nas relações e favorece decisões mais racionais. “A assertividade ajuda a evitar ressentimentos acumulados”, diz Scott. Vale tanto para ambientes profissionais quanto para relações pessoais. Ao praticá-la com consistência, cria-se um ambiente mais aberto, previsível e menos propenso a conflitos mal resolvidos.
Assertividade é clareza com respeito, não imposição
Ser assertivo não é estar sempre certo, nem ter a última palavra. É saber se posicionar com clareza e respeito, abrindo espaço para o outro fazer o mesmo. A comunicação assertiva é, antes de tudo, uma forma de construir entendimento mútuo, mesmo quando há desacordo. E, ao contrário do que muitos pensam, não exige elevar a voz, forçar um ponto ou vencer uma discussão. Exige saber o que dizer, e como.
