Conhecer primeiro, conexão depois no relacionamento

Imagem mostra mulher jovem sorrindo, segurando uma xícara de café sentada à mesa de frente para um homem que aparece de costas. Ideia de um início de relacionamento
Por Redação Foz

Quando os valores e o estilo de vida não são similares — não precisam ser iguais, mas devem estar alinhados —, a chance de uma relação não prosperar é de quase cem por cento, garante a especialista em relacionamento e escritora Jillian Turecki, em entrevista ao programa The School of Greatness (A Escola da Grandeza), de Lewis Howes. Pior do que não ir longe, porém, é terminar de forma traumática.

O alinhamento a que Turecki se refere envolve objetivos, visão de futuro, integridade, senso de moralidade etc. Contudo, a pressa em estabelecer uma conexão física, antes de um envolvimento emocional maior, deixa de lado diferenças que, mais adiante, podem se tornar insustentáveis. “É o que ensino aos solteiros o tempo todo: espere. Não se comprometa sem saber se você vai poder ser quem é de fato depois”, diz.

Relacionamento ilusório

Na visão de Turecki, portanto, construir relacionamentos sólidos requer ter como base valores alinhados e envolvimento gradual. Queimar etapas — prática comum nas relações atuais — resulta em ignorar detalhes importantes do outro que podem afetar a solidez do vínculo no futuro, causando desentendimentos e decepções. “Como saber se alguém vale o seu tempo sem dados suficientes?”, indaga.

Marca dos relacionamentos modernos, a rapidez em buscar a conexão física transforma as relações em laços frágeis, sustentadas mais pela química sexual do que pelo aprofundamento mútuo. E quando o imediatismo substitui o tempo necessário para o desenvolvimento de um vínculo autêntico e duradouro, cria-se uma ilusão de proximidade que raramente resiste ao cotidiano.

Incerteza maior

A inversão da ordem de construção dos relacionamento atuais — sexo antes, conhecimento mútuo depois —, não exclui o desejo de intimidade emocional. Apenas torna maior a incerteza quanto ao futuro. “Quando nos comprometemos em um relacionamento, queremos no fundo nos sentir e permanecer ligados um ao outro. Do contrário, a falta de conexão não seria um dos motivos de as relações fracassarem”, diz Turecki.

Segundo ela, quando a falta de conexão ocorre, ambos sentem que estão mais distantes um do outro; que não são mais compreendidos e vistos como antes. E não sabem mais como se reconectar. “O estresse de lidar com as muitas demandas da vida é, a meu ver, a principal causa da desconexão. Por ser crônico, tendemos a nos fechar; ficamos obcecados, e deixamos de estar presentes por inteiro”, conclui.

Foto Drazen Zigic / Freepik
Imagem de um casal deitado na cama, em que o homem aparece pensativo, aparentemente distante da mulher ao lado. Ideia de relacionamento em crise
Estresse desconecta

Mais motivos

Depois da perda de conexão, não dar valor ao outro é mais um motivo pelo qual a maioria das relações fracassa, afirma Jillian Turecki. Comentários críticos, falta de apoio em momentos importantes e não demonstrar empatia em situações do cotidiano fazem a pessoa parceira se sentir desvalorizada. “E a desvalorização leva ao terceiro motivo, que é o ressentimento”, afirma.

Estresse corrói relacionamento

Para Turecki, portanto, o estresse é o grande causador dos desencontros e distanciamentos nos relacionamentos. Como é difícil ou mesmo impossível eliminá-lo, a chave para se manter presente na relação é aprender a gerenciá-lo. “Quando estamos realmente estressados, costumamos ficar em nossas cabeças, remoendo os problemas. E se uma das pessoas em uma relação está sempre em sua cabeça, ela deixa de se conectar com a outra”, explica.

Porém, ressalta que não é preciso ter todas as respostas para entrar em uma relação de longo prazo. “Muitas vezes, a maneira como vemos as demandas da vida é que as tornam grandes. Portanto, acredito ser possível aprender a gerenciar o estresse enquanto se está no relacionamento”. Mas reconhece a existência de vínculos abusivos, nos quais há uma vítima e um agressor de fato. “Mas não são a regra”.

Parte do problema

Para Turecki, a qualidade dos relacionamentos é um reflexo da relação que cada um tem consigo mesmo. Quando uma pessoa escolhe quem vai deixar entrar em sua vida, está sendo influenciada por questões internas muitas vezes desconhecidas. “Você é a constante em todas as suas relações”, afirma, concluindo que o modo como alguém se percebe e se trata é a base para as suas conexões.

Logo, o primeiro passo para quebrar o ciclo de relacionamentos insatisfatórios ou mesmo tóxicos é se ver como parte do problema quando a relação vai mal. Do contrário, a repetição de padrões nocivos vai continuar. “Trabalhar em si mesmo, entender suas feridas e limitações, é o que abre espaço para atrair alguém alinhado aos seus valores e ao que você realmente deseja em uma parceria”, diz.

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