Por Redação Foz
Nem sempre se percebe de imediato, mas a ausência de empatia costuma estar na raiz de muitos desencontros. Relações estremecem não apenas por palavras mal colocadas, mas também por gestos ignorados, silêncios mal compreendidos ou emoções não acolhidas. A empatia emocional, em contextos assim, não é um detalhe — é um eixo, o que sustenta a qualidade e a durabilidade dos vínculos.
“Sentir-se ouvido é muito diferente de simplesmente escutar o que alguém diz”, afirma o pesquisador, escritor e psicólogo clínico John Gottman, reconhecido em todo o mundo por seu trabalho sobre estabilidade conjugal. Ele defende que relações saudáveis dependem menos de grandes gestos e mais da capacidade de sintonizar as pessoas no plano emocional. Vale para casamentos, amizades e até ambientes profissionais.
O que é empatia emocional
Empatia emocional é a habilidade de captar o estado interno da outra pessoa com precisão e presença. Não significa concordar nem resolver o problema do outro, mas demonstrar que o que ele sente tem lugar. O tom de voz, o tempo da resposta, a linguagem corporal e o interesse genuíno são sinais que comunicam a sintonia, reforçando a confiança e a conexão entre as partes.
Na prática, quem desenvolve empatia emocional aprende a notar mudanças sutis no humor do outro, mesmo sem que ele diga nada. É a diferença entre quem repara num olhar e quem o ignora. Em vez de dar uma resposta automática, a pessoa empática pausa, observa e reage com base no que seu interlocutor precisa, e não apenas no que ele quer dizer, criando espaço para um diálogo mais genuíno e construtivo.
A base das conexões humanas
John Gottman explica que muitos casais bem-sucedidos mantêm “mapas do amor” atualizados — uma metáfora para o conhecimento detalhado sobre a vida emocional do parceiro. “É uma forma de demonstrar que o mundo interno do outro importa”, afirma. A lógica também se aplica a outras relações: lembrar o nome de um colega, perceber quando um amigo está em queda, fazer perguntas que revelam atenção.
A empatia emocional envolve mais escuta do que fala. Exige a disposição de interromper o fluxo interno para se abrir ao que está sendo vivido pelo outro. Razão pela qual ela costuma falhar quando se está cansado, distraído ou autocentrado. “A maioria das pessoas não é treinada para identificar e validar sentimentos, nem os próprios, nem os alheios”, observa Gottman.
Foto Freepik

Empatia é escuta ativa
Empatia que aproxima
Nos vínculos afetivos, a empatia emocional ajuda a evitar julgamentos e a suavizar tensões que nascem de pequenos mal-entendidos. Entre amigos, permite conversas mais francas, sem receio de críticas ou de desprezo. Em contextos profissionais, torna o ambiente mais colaborativo e reduz conflitos desnecessários. “Sem empatia, as pessoas trabalham lado a lado, mas não de fato juntas”, diz Gottman.
Uma das chaves para cultivar a escuta mais afinada está na atenção aos sinais não verbais. O conteúdo da fala nem sempre revela o conteúdo emocional. Um “tudo bem” pode conter frustração, exaustão ou tristeza. Saber fazer a leitura exige prática, mas também vontade de se importar. Tal reconhecimento é o que impede que sentimentos não expressos influenciem a qualidade de qualquer relação.
Mais que compreender, sentir
Diferente da empatia cognitiva, que se baseia em entender o ponto de vista do outro, a empatia emocional exige envolvimento. É estar presente de verdade. “Quando uma pessoa se sente compreendida em seu mundo emocional, ela tende a se abrir mais, confiar mais e se conectar melhor”, diz Gottman. Conexões assim criam um terreno seguro para conversas difíceis e aproxima as pessoas de forma duradoura.
Não se trata de eliminar conflitos, mas de oferecer um espaço em que eles possam ser tratados com respeito. Relações que contam com empatia emocional costumam ter mais margem para lidar com tensões sem que elas se transformem em distanciamento. “O problema não é o desacordo, e sim a forma como lidamos com ele”, afirma Gottman, lembrando que a escuta ativa preserva a conexão mesmo em meio às divergências.
Um exercício contínuo
Quem desenvolve tal sensibilidade cria um repertório relacional mais robusto. A empatia, assim, não é apenas um traço de personalidade. É uma prática. E, como toda prática, se aperfeiçoa com intenção, atenção e presença. Ao incorporar pequenos gestos de cuidado no dia a dia, a pessoa fortalece vínculos e constrói relações mais estáveis, capazes de resistir às pressões e mudanças inevitáveis.
