Por Redação Foz
Reflexo da vida moderna, sobretudo nas grandes cidades, onde o convívio com o estresse, a ansiedade, o tédio, a frustração e a solidão é bem maior, a chamada fome emocional faz parte hoje da rotina de milhões de pessoas, desencadeando uma série de desdobramentos prejudiciais. O sobrepeso é um deles. Portanto, saber identificá-la e combatê-la é vital para uma saúde corporal e mental equilibrada.
A fome emocional e seus sinais mais comuns
Diferentemente da fome normal — que ocorre quando a energia do corpo começa a diminuir —, a dita fome emocional decorre de uma sensação de vazio não físico, levando as pessoas a comer para tentar preenchê-lo ou compensá-lo. Ou seja, não tem nenhuma relação com as necessidades reais do organismo. Recorre-se à comida para atenuar o desconforto causado por sentimentos considerados negativos.
Assim como a fome fisiológica, a fome emocional também dá alguns sinais. Em geral, surge inesperadamente, e é acompanhada pelo desejo de comer doces, guloseimas ou alimentos industrializados, ricos em gordura ruim, sal, frutose, além de substâncias químicas que agem sobre os hormônios responsáveis pela saciedade, desequilibrando-os e fazendo com que as pessoas não saibam a hora de parar.
Efeito negativo das “calorias vazias”
Culpa e arrependimento são as consequências imediatas da ingestão excessiva das chamadas “calorias vazias” — alimentos mais calóricos do que nutritivos. De forma recorrente e sem o controle adequado, os efeitos da fome emocional a médio e longo prazos são a obesidade, a diabetes, o colesterol alto, a hipertensão, entre outros problemas graves de saúde. Além da baixa autoestima.
Como se não bastasse, distúrbios como a compulsão alimentar também estão associados ao uso da comida como meio de saciar a falsa sensação de fome, assim como as mudanças de humor. E como a alimentação de fundo emocional não satisfaz as necessidades por trás das emoções negativas, a insatisfação emocional é contínua, e, portanto, um obstáculo à construção de uma relação saudável com a comida.
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Comida é fonte de nutrição, e não um modo de lidar com fatores emocionais
Como identificar a fome emocional
Para os especialistas em nutrição, saber distinguir as fomes (física e emocional) é o primeiro passo para lidar com o problema. Afinal, a fome emocional não é uma doença em si, mas precisa ser percebida e gerida para não causar danos futuros à saúde. Excessos eventuais aqui e ali, ok, pois a comida permeia a vida social — festas, reuniões familiares, comemorações etc. O desafio é não fazer do ocasional um hábito.
Sentimentos como ansiedade, estresse, angústia e tédio estão na origem da fome emocional. Uma vez identificados, a chance de uma vontade súbita de comer estar relacionada a eles é muito grande. Então, resistir ao impulso de abrir a geladeira ou a dispensa a todo momento atrás de doces, bolos, chocolates, biscoitos e refrigerantes é o mais sensato. Não recorrer a pizzas e fast food, idem.
Fazer a si mesmo certas perguntas pode também ajudar a descobrir se a fome é real ou de fundo emocional. Por exemplo, quantas horas já se passaram desde a última vez que comi? Mais de quatro horas? Quanto comi? Será que o estômago já está vazio? Estou com sede? Esta última se justifica porque muitas vezes se pode confundir fome com sede, razão pela qual beber água entre as refeições é vital.
Estratégias para lidar com a fome emocional
• Prestar atenção ao que se come, comer devagar e saborear cada mordida.
• Redirecionar o foco para uma tarefa qualquer ou simplesmente ligar para um(a) amigo(a).
• Beber água mais vezes.
• Ter algo saudável à mão caso o desejo de comer seja muito forte. Por exemplo, frutas como banana e abacate; castanhas, nozes e amêndoas; chocolates a partir de 85% de cacau; semente de girassol etc.
• Colocar na geladeira alimentos — ou mesmo guloseimas — benéficos à saúde. Assim, ao abri-la, não haverá opções prejudiciais.
• Adotar um hobby ou mais de um, como aulas de dança e pintura; aprender a tocar um instrumento; academia; natação; jardinagem; fotografia; criar um blog; fazer cursos gratuitos de línguas ou qualquer outra atividade com a qual se tenha identificação.
• Ler sobre técnicas de relaxamento e praticá-las.
• Desenvolver uma relação sudável com a comida; entender que ela é uma fonte de nutrição e prazer, e não um modo de lidar com fatores emocionais.
• Evitar dietas restritivas exageradas, pois podem levar à chamada compulsão alimentar — um impulso incontrolável pela ingestão de comida.
Quando buscar ajuda profissional
Lidar com a fome emocional pode parecer difícil à primeira vista. Mas com disciplina e a adoção de uma estratégia adequada, enfrentá-la com êxito está ao alcance de qualquer um. Contudo, há casos extremos em que recorrer à ajuda profissional — seja de um nutricionista ou mesmo de um terapeuta — pode ser o melhor caminho. Abaixo, alguns exemplos que requerem uma atenção maior.
• Uma vez identificada, observar se a fome emocional é frequente ou mesmo diária.
• Perda do controle sobre o ato de comer e, como consequência, de qualidade de vida.
• Baixa autoestima perene.
• Quando a fome emocional começa a interferir nas relações familiares, sociais e/ou profissionais.
Independentemente do grau da fome emocional, identificar o que a causa é o divisor de águas para o seu enfrentamento, que deve se dar por meio de ações lógicas. Como já abordado acima, usar a comida para lidar com fatores emocionais não é definitivamente a solução. Além de não remediar o sentimento de vazio, no decorrer dos anos o preço a ser pago é a perda gradativa da saúde.