Por Redação Foz
É mais comum do que deveria chegar à fase madura da vida sem estar plenamente realizado — seja por não ter seguido a carreira pretendida; iniciado um negócio; aprendido um esporte, outra língua, um instrumento etc. As razões variam, e são muito pessoais. Contudo, quando o desejo é verdadeiro, nunca é tarde para começar. Como se diz por aí, enquanto houver vontade, haverá oportunidade. Não importa a idade.
E não faltam exemplos para comprovar. O americano Harland Sanders criou a rede de fast food KFC aos 40 anos, mas só a viu alcançar o sucesso aos 65; Roberto Marinho tinha 60 anos quando inaugurou a Rede Globo de Televisão; Tarsila do Amaral pintou o quadro Abaporu aos 42 anos, obra que a projetou como artista plástica. Enfim, a lista de referências inspiradoras é extensa.
Maturidade como base
A ideia de que realizações têm prazo de validade é desmentida não apenas por exemplos reais. Um artigo publicado na Harvard Business Review revela que pessoas de meia-idade tendem a ser mais capazes de avaliar riscos — e de conhecer melhor seus pontos fortes e fracos —, tornando-as assim mais efetivas ao iniciar novos projetos. Não é à toa que a idade média dos fundadores de starups de sucesso é 40 anos.
Maturidade representa ainda acúmulo de experiência e sabedoria, além de recurso financeiro, conhecimento e clareza — a base necessária para colocar em prática qualquer desejo que se tenha, seja aprender a tocar um instrumento, um novo idioma, uma dança, praticar um esporte, criar um negócio, um blog, um canal no Youtube e muito mais. Portanto, de novo, transformar aspiração em realidade nada tem a ver com idade.
Nunca é tarde para agir
Em grande parte, os obstáculos que impedem alguém de levar adiante um projeto pessoal são mentais. Ou seja, achar que é tarde demais para iniciar algo pode ser apenas uma crença limitante, cujo antídoto é o que a psicóloga e professora de psicologia da Universidade Stanford Carol Dweck chama de mentalidade de crescimento, sem a qual é impossível alcançar o sucesso em qualquer fase da vida.
“O medo de fracassar ou a crença de que é tarde demais para começar algo novo pode ser paralisante”, afirma Dweck, para quem o mindset de crescimento é determinante para a superação de barreiras, o aprendizado contínuo e o progresso pessoal. “Com determinação e uma perspectiva positiva, qualquer iniciativa pode se tornar realidade, independentemente da idade”, garante a professora.
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Idade é só um rótulo
Outras influências
Porém, crenças limitantes não são as únicas barreiras que inibem as realizações pessoais. Em qualquer idade, aspectos comportamentais também podem influenciar negativamente. Por exemplo, a insegurança. Pessoas inseguras e medrosas raramente começam algo por achar que vão falhar. Ou seja, fracassam antes mesmo de tentar. A relação abaixo destaca outros fatores inibidores.
Estar sobrecarregado — Quando as responsabilidades se acumulam, a pressão para atender a todas as demandas rouba toda a atenção, e projetos pessoais acabam sendo deixados de lado por falta de tempo e energia. Para superar a sobrecarga, é preciso delegar tarefas e priorizar o que realmente importa. Assim, abre-se espaço para interesses que vão ao encontro das realizações genuínas.
Preguiça — Se não combatida, a preguiça — natural até certo ponto — é uma forte inimiga do progresso e da realização pessoal. É preciso administrá-la, sob pena de viver dando desculpas a si mesmo para justificar a inércia. Estabelecer metas claras e realizáveis é fundamental para transformar preguiça em produtividade, assim como ser consistente e celebrar pequenas conquistas.
Vitimismo — Postura negativista — estimulada pela cultura coletivista e assistencialista —, o vitimismo é outro obstáculo no caminho da realização pessoal. Consiste em culpar circunstâncias externas, outras pessoas e eventos passados pelas dificuldades enfrentadas, livrando-se assim do fardo da responsabilidade pelas próprias ações e destino. E colocar em prática novos projetos exige iniciativa e proatividade.
Procrastinação — Adiar tarefas ou decisões, substituindo-as por distrações — muitas vezes por medo do fracasso, perfeccionismo ou falta de motivação —, inviabiliza qualquer tentativa de começar algo novo, além de alimentar um ciclo de frustrações. Portanto, criar uma rotina de trabalho eficaz, estabelecer prazos claros e se recompensar ao alcançar pequenos objetivos, são algumas estratégias de combate à procrastinação. Técnicas como a “regra dos dois minutos” (se algo pode ser feito em dois minutos ou menos, deve-se fazer imediatamente), e a divisão das tarefas em etapas menores, também ajudam.
Nunca é tarde para desejos genuínos
Como se vê, pode-se alegar muitas razões para adiar ou não desengavetar um projeto pessoal, menos dizer que a causa é a idade avançada. Os casos reais citados no início do texto são a prova de que a busca pela realização na meia-idade não só é possível, mas vantajosa sob muitos aspectos. Por exemplo, relações profissionais e conhecimento adquirido ao longo dos anos são um diferencial quando se quer iniciar um negócio.
Por fim, qualquer um pode ser bilíngue se conversar diariamente no novo idioma por 90 dias. Graças a aplicativos que conectam pessoas do mundo todo, é fácil praticar. Quanto a aprender um esporte ou instrumento, bastam iniciativa e dedicação. Portanto, afirmações do tipo “eu queria ter aprendido francês” ou “eu poderia ter me tornado surfista” não se justificam quando se tem um desejo genuíno não realizado.