Por Redação Foz
A disposição para persistir, mesmo quando tudo parece conspirar contra, é um dos elementos mais consistentes entre pessoas bem-sucedidas. Não se trata de romantizar o sofrimento nem de glorificar o sacrifício, mas de reconhecer que o caminho até qualquer conquista significativa envolve obstáculos inevitáveis. “Chegar a qualquer lugar na vida exige muito esforço”, diz a psicóloga Angela Duckworth.
Angela é professora de psicologia da Universidade da Pensilvânia e autora do conceito de grit (garra) — traço da personalidade dos que têm força e persistência para alcançar o desenvolvimento pessoal e profissional. Para ela, a diferença entre desistir e avançar está menos no talento e mais na determinação. “O que de fato distingue quem chega lá é a capacidade de persistir mesmo quando o progresso parece lento ou inexistente”.
Por que persistir faz diferença
Segundo Duckworth, é comum que os resultados demorem, mesmo para quem faz tudo certo. A demora, explica, costuma ser o ponto de ruptura entre quem continua e quem desiste. “A maioria das pessoas recua quando as coisas não andam como o esperado. Mas os persistentes ajustam o passo, não o propósito, pois sabem, intuitivamente, que o que vale a pena fazer leva tempo”.
A professora destaca que erros e contratempos fazem parte do processo — e são necessários. Aprender com a experiência, identificar o que pode ser melhorado e seguir em frente são atitudes recorrentes em pessoas que constroem trajetórias consistentes. Para ela, não há como ter sucesso sem passar por desafios. “É cometendo erros que você melhora. Vê-los dessa forma aumenta a coragem para seguir”, diz.
Foco é parte de persistir
O foco é outro ponto importante — mesmo que os esforços não estejam dando o resultado esperado. Duckworth observa que quem tem clareza de propósito costuma resistir mais às distrações e frustrações. “É a combinação de paixão e perseverança que mantém alguém no rumo, mesmo quando não há sinal imediato de recompensa”. Portanto, concentrar-se nos objetivos é fundamental.
A persistência, ao contrário do que se pode pensar, não se manifesta em grandes gestos, mas em decisões pequenas e repetidas. “Dar mais um passo, mesmo cansado, pode parecer irrelevante. Mas é justamente essa continuidade que diferencia quem alcança o que busca”, diz. A ação contínua contribui para o desenvolvimento do hábito de trabalhar em prol dos objetivos, facilitando a manutenção do foco e da disciplina.
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Progresso não é linear
Comprometimento sustentado
O comprometimento com o próprio propósito também pesa. Pessoas persistentes, segundo Duckworth, não dependem de motivação constante nem de resultados rápidos. Elas agem porque sabem o motivo pelo qual começaram. “A paixão pelo que se faz alimenta a disciplina necessária para continuar.” A persistência é uma estratégia para lidar com falhas e frustrações ao longo do caminho, incentivando a resiliência.
Manter o ritmo, contudo, não significa ignorar o cansaço ou negar os fracassos, mas aceitá-los como parte da jornada. “O progresso não é linear. Há dias em que o mais importante é apenas não parar”, afirma a psicóloga. Ela também observa que o ambiente tem influência, mas não define os resultados. Pressões externas, críticas ou falta de apoio são obstáculos, não sentenças.
“Os que persistem aprendem a filtrar o que merece atenção e a seguir mesmo sem aplausos.” A professora, autora do livro Garra: O poder da paixão e da perseverança, best-seller do New York Times, reforça ainda que a persistência é treinável. Como um músculo, ela se fortalece com o uso contínuo. “Ninguém nasce determinado. O que existe é a prática constante de não desistir à primeira dificuldade.”
A importância de agir logo
Em vez de esperar o momento ideal, Duckworth recomenda dar o próximo passo possível. Pequeno que seja, ele interrompe o ciclo de estagnação e reacende o movimento. “Persistir é continuar. Só isso já faz toda a diferença”. De acordo com ela, sentimentos negativos são típicos do aprendizado, “e você não deve se sentir estúpido quando está frustrado fazendo algo”, conclui.
