Dopamina x açúcar: ciclo vicioso que afeta a saúde

Mulher comendo um pedaço de bolo, alimento rico em açúcar.
Por Redação Foz

Até certo ponto, o desejo por açúcar é fisiológico. Glicose é fonte de energia para o corpo, e o cérebro é programado biologicamente para que a busquemos nos alimentos. Porém, nos de origem natural, e não em doces, bolos, tortas, refrigerantes, chocolates e guloseimas — ou nos diversos produtos industrializados à venda no supermercado. Estes exigem moderação, pois a combinação entre açúcar e dopamina vicia de fato.

Não é exagero. Estudos científicos comprovam que comestíveis açucarados exercem no cérebro o mesmo efeito do álcool e dos opiáceos — drogas derivadas do ópio, sintéticas e semissintéticas —, liberando no organismo substâncias associadas ao prazer e ao bem-estar, como endorfina e dopamina. A consequência é a busca constante por açúcar e o desencadeamento de um ciclo vicioso de dependência.

Os riscos do ciclo açúcar e dopamina

Além da dependência em si, o consumo frequente de açúcar diminui a sensibilidade à dopamina e à endorfina ao longo do tempo. Ou seja, o cérebro passa a ficar mais exigente, e a sensação de satisfação só é alcançada quando se ingere quantidades cada vez maiores de comestíveis doces. O resultado não é difícil de prever: obesidade, diabetes tipo 2 e um estado de inflamação permanente do corpo.

Como reduzir o desejo por doces

Reduzir ou mesmo eliminar a compulsão por doces envolve autocontrole e algumas estratégias. De acordo com pesquisas recentes feitas nos Estados Unidos, suspender completamente o consumo — em vez de diminui-lo aos poucos — é o método mais eficaz. Depois de anos de consumo, o condicionamento fisiológico dificulta a tentativa de parar gradativamente, dizem os pesquisadores.

O passo seguinte é resistir aos sintomas da abstinência — irritabilidade, fadiga e até mesmo dores de cabeça. Recaídas têm potencial para desencadear desejos ainda maiores por comestíveis doces. Já em café, leite, sucos, chás e bebidas em geral, diminuir gradualmente a adição de açúcar pode ser a melhor saída. Com o tempo, o paladar tende a se adaptar a pouca ou mesmo nenhuma substância adoçante.

Fotos Merve Aydin e Denny Müller
Açúcar desencadeia um ciclo vicioso de dependência.
Doces estimulam a liberação da serotonina, substância natural ligada ao prazer

Adotar estratégias pode ser útil

Pode parecer muito difícil — sobretudo para os mais compulsivos —, mas vencer o desejo descontrolado por açúcar é perfeitamente possível com a adoção de algumas estratégias relativamente simples. Por exemplo, (a) comer refeições ricas em proteína e gorduras saudáveis; (b) fazer uso de complexo B líquido toda vez que ocorrer um desejo repentino, mas sob orientação médica. E mais:

• Substituir alimentos processados, doces e guloseimas por frutas, como melancia, manga, caqui, laranja lima, banana, mamão etc. Além de ricas em açúcar natural, fornecem nutrientes essenciais para uma vida saudável.

• Planejar refeições saudáveis e balanceadas pode ajudar a inibir a tentação por alimentos açucarados quando se tem fome.

• A vontade por açúcar pode estar associada à desidratação. Beber água ao longo do dia é uma ótima estratégia para evitar falsos desejos.

• Alimentos ricos em proteína são indispensáveis na luta contra o açúcar. Por exemplo, peixe, aves, carnes bovina e suína, ovos, queijo, arroz e feijão são alguns deles.

• Assim como a proteína, gorduras saudáveis também são essenciais para combater o desejo por açúcar. Alguns exemplos são nozes, sementes de girassol e de abóbora, amêndoa, castanhas, abacate etc.

• Atividade física regular é uma forte aliada da alimentação quando se trata de evitar a ingestão de açúcar. Ela não apenas promove a saúde de uma maneira geral; faz também com que o cérebro libere endorfina, proporcionando sensação de prazer e, consequentemente, reduzindo a vontade por comestíveis doces.

Ansiedade resulta em açúcar e dopamina

Em geral, o desejo por açúcar está associado à chamada fome emocional, uma sensação de vazio não físico provocada por sentimentos como ansiedade, angústia, tristeza ou tédio. Para tentar preenchê-lo, as pessoas quase sempre recorrem a alimentos pobres em nutrientes e ricos em açúcar, como fast food e doces, que estimulam a liberação da dopamina, substância natural ligada ao prazer e bem-estar.

O efeito da serotonina, contudo, é passageiro, fazendo com que o desejo por açúcar seja frequente. O que, obviamente, é péssimo para a saúde. Porém, mais importante que o autocontrole, é atentar para a causa do desconforto emocional, gerador da fome análoga. Exitem muitas estratégias fáceis de ser adotadas. Mas em casos extremos, é mais indicado procurar ajuda profissional.

Estresse inibe saciedade

Não é incomum que depois de um dia estressante se queira comer algo doce ou gorduroso. Sob tensão física ou emocional, uma substância chamada cortisol — também conhecida como hormônio do estresse —, é liberada para suprir, por meio da glicose, a necessidade do corpo por energia. Quando o nível de cortisol se mantém alto por muito tempo, a vontade de comer se impõe.

E a preferência é por alimentos ricos em açúcar e gordura, pois estimulam a liberação de dopamina e endorfina, causadores da sensação de prazer e bem-estar. E não é só. Cortisol em excesso desequilibra também os hormônios que controlam o apetite, a grelina e a leptina, responsáveis, respectivamente, pela fome e a saciedade — aumentando, claro, a primeira e diminuindo a segunda.

Resistir é preciso

Não bastassem os estímulos de fundo emocional, quem quer que esteja tentando não ceder ao desejo de açúcar precisa resistir ainda aos de origem publicitária. Comestíveis doces associados a momentos felizes e recompensas cria uma conexão psicológica que torna o desafio de não sucumbir ainda mais difícil. A tomada de consciência talvez seja a chave para perceber que é apenas marketing. E resistir.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Voltar ao topo
error: Conteúdo protegido.